“O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago
boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu,
na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos servirá de
sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura. E,
subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a
Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os
homens, a quem ele quer bem.” (Lc 2:10-14)
Situada entre as colinas da Galileia, a pequena cidade de
Nazaré era o lar de José e Maria que posteriormente se tornaram os pais
terrestres de Jesus.{VJ 9.1}
José pertencia à linhagem ou família de Davi, e quando saiu
um decreto para o levantamento do censo da população, ele teve que ir a Belém,
cidade de Davi, para ali registar seu nome. Era uma jornada penosa, dadas as
condições em que as viagens eram feitas na época. Maria, que acompanhava seu
esposo, sentia-se extremamente fatigada ao subir a colina na qual Belém se
localizava. E como desejava um lugar confortável onde pudesse repousar! Mas as
hospedarias estavam todas lotadas. Os ricos e orgulhosos estavam bem
hospedados, enquanto aqueles humildes viajantes tiveram que encontrar descanso
em uma rude estrebaria.
Embora José e Maria não possuíssem bens terrestres,
sentiam-se amparados pelo amor de Deus e isso os tornava ricos em paz e
contentamento. Eram filhos do Rei celestial que estava prestes a honrá-los de
maneira maravilhosa.
Anjos os acompanharam durante a viagem e quando a noite
chegava os mensageiros celestes guardavam o seu repouso. Não foram deixados a
sós, pois os anjos permaneceram com eles.
Ali, naquela pobre estrebaria, nasceu Jesus, o Salvador, e
foi colocado em uma manjedoura. O Filho do Altíssimo, Aquele cuja presença
havia inundado as cortes celestiais com Sua glória, repousava em um rude
berço.{VJ 10.3}
O líder celestial
Antes de vir à Terra, Jesus fora o Comandante das hostes
angelicais. Os mais brilhantes e exaltados filhos da alva anunciaram Sua glória
na criação. Em Sua presença, diante do trono, cobriam o rosto e lançavam-Lhe
aos pés suas coroas, cantando hinos de triunfo ao contemplarem Seu poder e
majestade.
Entretanto, esse glorioso Ser tanto amou o desamparado
pecador que tomou sobre Si a forma de um servo para que pudesse sofrer e morrer
por nós.
Jesus poderia ter permanecido ao lado do Pai, usando a coroa
e as vestes reais, mas por amor a nós trocou as riquezas do Céu pela pobreza da
Terra. Ele escolheu renunciar ao posto de Supremo Comandante e à adoração dos
anjos que tanto O amavam. Escolheu trocar a adoração dos seres celestes pela
zombaria e desprezo de homens ímpios. Por amor a nós, aceitou uma vida de
privações e uma morte vergonhosa.
Cristo fez tudo isso para provar o quanto Deus nos ama.
Viveu na Terra para mostrar como podemos honrar a Deus através da obediência à
Sua vontade. Assim agiu para que, seguindo Seu exemplo, possamos finalmente
viver com Ele no lar celestial.
Os sacerdotes e príncipes judeus não estavam preparados para
receber Jesus. Sabiam que o Salvador viria em breve, mas esperavam que viesse
como um rei poderoso que traria poder e riqueza para a nação. Eram por demais
orgulhosos para aceitar o Messias como um bebé indefeso.
Por isso, quando Jesus nasceu, Deus não lhes revelou o
grande acontecimento, mas enviou as novas de grande alegria a alguns pastores
que guardavam seus rebanhos nas colinas de Belém.
Eram homens piedosos e enquanto cuidavam das ovelhas,
conversavam a respeito do Salvador prometido e oravam tão sinceramente por Sua
vinda, que Deus enviou-lhes brilhantes mensageiros desde o Seu trono de luz,
para lhes contar a respeito das boas-novas.
Num berço de palha
“E um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam, e a glória
do Senhor brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor. O anjo,
porém, lhes disse: Não temais; eis que vos trago boa-nova de grande alegria,
que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o
Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma
criança envolta em faixas e deitada em manjedoura. E, subitamente, apareceu com
o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a
Deus nas maiores alturas, e paz na Terra entre os homens, a quem Ele quer bem.
E, ausentando-se deles os anjos para o Céu, diziam os pastores uns aos outros:
Vamos até Belém e vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer.
Foram apressadamente e acharam Maria e José e a Criança deitada na manjedoura.
E, vendo-O, divulgaram o que lhes tinha sido dito a respeito dEste Menino.
Todos os que ouviram se admiraram das coisas referidas pelos pastores. Maria,
porém, guardava todas estas palavras, meditando-as no coração.” Lucas 2:9-19.
Jesus apresentado no templo
José e Maria eram judeus e seguiam os costumes de sua nação.
Quando Jesus completou seis semanas de idade foi apresentado ao Senhor, no
templo de Jerusalém.
Essa prática estava de acordo com a lei que Deus havia dado
a Israel e Jesus devia ser obediente em tudo. Assim, o próprio Filho de Deus, o
Príncipe do Céu, por Seu exemplo, ensina-nos que devemos obedecer.
Apenas o primogénito de cada família devia ser apresentado
no templo. Essa cerimônia era para lembrar continuamente um evento que havia ocorrido
em um passado distante.
Quando os filhos de Israel eram escravos no Egito, o Senhor
enviou Moisés para libertá-los. Ele ordenou que Moisés fosse à presença de Faraó,
rei do Egito, e dissesse:
“Assim diz o Senhor: Israel é Meu filho, Meu primogénito...
Deixa ir Meu filho, para que Me sirva; mas, se recusares deixá-lo ir, eis que
Eu matarei teu filho, teu primogénito.” Êxodo 4:22, 23.
Moisés levou ao rei esta mensagem. Mas a resposta de Faraó
foi: “Quem é o Senhor para que Lhe ouça eu a voz e deixe ir a Israel? Não
conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir a Israel.” Êxodo 5:2.
Então o Senhor enviou terríveis pragas sobre os egípcios. A
última delas foi a morte do primogénito de cada família, desde o filho do rei
até o do mais pobre que habitava a região.
O Senhor ordenou a Moisés que cada família dos israelitas
matasse um cordeiro e com o sangue do animal marcasse a ombreira da porta.
Esse foi o sinal para que o anjo da morte passasse por alto
as casas dos israelitas e não tocasse em nenhum deles, exceto os cruéis e
orgulhosos egípcios.
O sangue da Páscoa representava para os judeus o sangue de
Cristo. No tempo determinado, Deus lhes daria Seu querido Filho como
sacrifício, assim como o cordeiro havia sido sacrificado de modo que todo
aquele que cresse nEle pudesse ser salvo da morte eterna. Cristo é chamado a
“nossa Páscoa”. 1 Coríntios 5:7. Somos redimidos por Seu sangue, através da fé.
Efésios 1:7.{VJ 13.2}
Assim, quando cada família israelita trouxesse seu filho
primogénito ao templo, deveria lembrar-se de como os filhos foram salvos da
praga e como todos poderiam ser salvos do pecado e da morte eterna. A criança,
ao ser apresentada no templo, era tomada nos braços e erguida diante do altar.
Desse modo, era solenemente dedicada a Deus. E logo que era
devolvida à mãe, seu nome era registrado em um rolo, ou livro, que continha o
nome de todos os primogénitos de Israel. Assim também todos os que são salvos
pelo sangue de Cristo terão seu nome escrito no livro da vida.
Reconhecendo o
prometido
José e Maria trouxeram Jesus ao sacerdote conforme requeria
a lei. Todos os dias, pais e mães traziam seus filhos e o sacerdote nada notou
de diferente em José e Maria dos outros que vinham dedicar seus primogénitos.
Para ele, eram simplesmente gente operária.
Na criança viu apenas um frágil bebé. Ele não podia imaginar
que tinha nos braços o Salvador do mundo, o Sumo Sacerdote do templo celestial.
Contudo, ele poderia ter sabido, pois se tivesse sido obediente à Palavra de
Deus, o Senhor o teria revelado.
Naquela mesma hora, estavam no templo dois servos fiéis de
Deus: Simeão e Ana. Ambos haviam dedicado toda a vida ao serviço do Senhor, que
lhes revelou coisas que não podiam ser reveladas aos orgulhosos e egoístas
sacerdotes.
A Simeão deu a promessa de que não morreria sem ver o
Salvador. Assim que viu Jesus no templo, ele soube que aquela criança era o
Messias prometido.
Uma luz suave e divina iluminava o rosto de Jesus e,
tomando-o nos braços, Simeão louvou a Deus dizendo:
“Agora, Senhor, podes despedir em paz o Teu servo, segundo a
Tua palavra; porque os meus olhos já viram a Tua salvação, a qual preparaste
diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do Teu
povo de Israel.” Lucas 2:29-32.
Ana, uma profetisa, “chegando naquela hora, dava graças a
Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de
Jerusalém”. Lucas 2:38.
É desse modo que Deus escolhe pessoas humildes para serem
Suas testemunhas. Com frequência, aqueles a quem o mundo honra são passados por
alto. Muitos são como os líderes e sacerdotes judeus.
Muitos há que estão prontos para servir e honrar a si
mesmos, mas pouco se preocupam em honrar e servir a Deus. Por isso Ele não pode
escolhê-los para contar aos outros sobre Seu amor e misericórdia.
O príncipe da paz
Maria, mãe de Jesus, meditava em silêncio a respeito da
importante profecia de Simeão. Ao olhar o menino em seus braços lembrou-se do
que os pastores de Belém haviam dito e seu coração transbordou de gratidão e
viva esperança.
As palavras de Simeão trouxeram-lhe à lembrança a profecia
de Isaías. Sabia que aquelas maravilhosas palavras referiam-se a Jesus:
“O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que
viviam na região da sombra da morte,