30.9.13

A Falsa Santificação

A santificação que ora adquire preeminência no mundo religioso, traz consigo o espírito de exaltação própria e o desrespeito pela lei de Deus, que a estigmatizam como estranha a religião da Escritura Sagrada. Seus defensores ensinam que a santificação é obra instantânea, pela qual, mediante a fé apenas, alcançam perfeita santidade. “Crede tão-somente,” dizem, “e a bênção será vossa.” Nenhum outro esforço, por parte do que recebe, se pressupõe necessário. Ao mesmo tempo negam a autoridade da lei de Deus, insistindo em que estão livres da obrigação de guardar os mandamentos. Mas é possível aos homens ser santos, de acordo com a vontade e caráter de Deus, sem ficar em harmonia com os princípios que são a expressão de Sua natureza e vontade, e que mostram o que Lhe é agradável? {RR 7.5}
O desejo de uma religião fácil, que não exija esforço, renúncia, nem ruptura com as loucuras do mundo, tem tornado popular a doutrina da fé, e da fé somente; mas que diz a Palavra de Deus? Declara o apóstolo Tiago: “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada. Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.” Tiago 2:14, 20-22, 24. {RR 8.1}
O testemunho da Palavra de Deus é contra esta perigosa doutrina da fé sem as obras. Não é fé pretender o favor do Céu sem cumprir as condições necessárias para que a graça seja concedida: é presunção; pois que a fé genuína se fundamenta nas promessas e disposições das Escrituras. {RR 8.2}
Ninguém se engane com a crença de que pode tornar-se santo enquanto voluntariamente transgride um dos mandamentos de Deus. Um pecado cometido deliberadamente faz silenciar a voz testemunhadora do Espírito e separa a pessoa de Deus. ... Conquanto João em suas epístolas trate tão amplamente do amor, não hesita, todavia, em revelar o verdadeiro caráter dessa classe de pessoas que pretende ser santificada ao mesmo tempo em que vive a transgredir a lei de Deus. “Aquele que diz: Eu conheço-O e não guarda os Seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a Sua Palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado.” 1 João 2:4, 5. Esta é a pedra de toque de toda profissão de fé. Não podemos atribuir santidade a qualquer pessoa sem julgá-la pela medida da única norma divina de santidade, no Céu e na Terra. ... E a alegação de estarem sem pecado é em si mesma evidência de que aquele que a alimenta longe está de ser santo. É porque não tem nenhuma concepção verdadeira da infinita pureza e santidade de Deus, ou do que devem ser os que se hão de harmonizar com Seu caráter; é porque não apreendeu o verdadeiro conceito da pureza e suprema beleza moral de Jesus, bem como da malignidade e horror do pecado, que o homem pode considerar-se santo. Quanto maior a distância entre ele e Cristo, e quanto mais impróprias forem suas concepções do caráter e requisitos divinos, tanto mais justo parecerá a seus próprios olhos. {RR 8.3}

24.9.13

Poder da Palavra

Onde quer que a Palavra de Deus tenha sido fielmente pregada, seguiram-se resultados que atestaram de sua origem divina. O Espírito de Deus acompanhou a mensagem de Seus servos, e a Palavra era proclamada com poder. Os pecadores sentiam despertar-lhes a consciência. A “luz... que alumia a todo homem que vem ao mundo” (João 1:9) iluminava-lhes os íntimos recessos da alma, e as coisas ocultas das trevas eram manifestas. Coração e espírito eram possuídos de profunda convicção. Convenciam-se do pecado, da justiça e do juízo vindouro. Tinham a intuição da justiça de Jeová, e sentiam terror de aparecer, em sua culpa e impureza, perante Aquele que examina os corações. Com angústia exclamavam: “Quem me livrará do corpo desta morte?” Romanos 7:24. Ao revelar-se a cruz do Calvário, com seu infinito sacrifício pelos pecados dos homens, viram que nada, senão os méritos de Cristo, seria suficiente para a expiação de suas transgressões; somente esses méritos poderiam reconciliar os homens com Deus. Com fé e humildade, aceitaram o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Pelo sangue de Jesus tiveram “a remissão dos pecados dantes cometidos”. Romanos 3:25. {RR 2.1}
Novo estilo de vida
Aquelas pessoas produziram frutos dignos de arrependimento. Creram e foram batizadas, e levantaram-se para {RR 2.2}
andar em novidade de vida — como novas criaturas em Cristo Jesus; não para se conformarem aos desejos anteriores, mas, pela fé no Filho de Deus, seguir-Lhe os passos, refletir-Lhe o caráter, e purificar-se, assim como Ele é puro. As coisas que antes odiavam, agora amavam; e as que antes amavam, passaram a odiar. Os orgulhosos e presunçosos tornaram-se mansos e humildes de coração. Os vaidosos e arrogantes se fizeram graves e acessíveis. Os profanos se tornaram reverentes, sóbrios os ébrios, os devassos puros. As modas vãs do mundo foram postas de parte. Os cristãos procuravam não o “enfeite... exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestes, mas o homem encoberto no coração, no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus”. 1 Pedro 3:3, 4. {RR 2.3}
Os reavivamentos resultaram em profundo exame de coração e humildade. Caracterizavam-se pelos apelos solenes e fervorosos ao pecador, pela terna misericórdia para com a aquisição efetuada pelo sangue de Cristo. Homens e mulheres oravam e lutavam com Deus pela salvação de outros. Os frutos de semelhantes avivamentos eram vistos nas pessoas que não fugiam da renúncia e do sacrifício, mas que se regozijavam de que fossem consideradas dignas de sofrer dificuldade e provação por amor de Cristo. Notava-se uma transformação na vida dos que tinham professado o nome de Jesus. A comunidade se beneficiava por sua influência. ... {RR 2.4}
Esse é o resultado da obra do Espírito de Deus. Não há prova de genuíno arrependimento a menos que ele opere reforma na vida. Se restitui o penhor, devolve o que tinha roubado, confessa os pecados e ama a Deus e seus semelhantes, o pecador pode estar certo de que encontrou paz com Deus. Foram esses os efeitos que, em anos anteriores, se seguiram às ocasiões de reavivamento espiritual. Julgados pelos seus frutos, sabia-se que eram abençoados por Deus para a salvação dos homens e para reerguimento da humanidade. {RR 3.1}
Reavivamentos falsos — Qual a diferença?
Muitos reavivamentos dos tempos modernos têm, no entanto, apresentado notável contraste com aquelas manifestações de graça divina que nos tempos primitivos se seguiam aos esforços dos servos de Deus. É verdade que se desperta grande interesse, muitos professam conversão, vão às igrejas; não obstante, os resultados não são de molde a autorizar a crença de que houve aumento correspondente da verdadeira vida espiritual. A luz que brilha por algum tempo logo se apaga, deixando as trevas mais densas do que antes. {RR 3.2}
Avivamentos populares são muitas vezes levados a efeito por meio de apelos à imaginação, despertando-se as emoções, satisfazendo-se o amor ao que é novo e surpreendente. Conversos ganhos dessa maneira têm pouco desejo de ouvir a verdade bíblica, pouco interesse no testemunho dos profetas e apóstolos. A menos que o culto assuma algo de caráter sensacional, não lhes oferece atração. Não é atendida a mensagem que apele para a razão desapaixonada. As claras advertências da Palavra de Deus, que diretamente se referem aos seus interesses eternos, não são tomadas a sério. {RR 3.3}
Para todo indivíduo verdadeiramente convertido, a relação com Deus e com as coisas eternas será o grande objeto da vida. ... Antes dos juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos. O Espírito e o poder de Deus serão derramados sobre Seus filhos. Naquele tempo muitos se separarão das igrejas em que o amor deste mundo suplantou o amor a Deus e à Sua Palavra. Muitos, tanto pastores como leigos, aceitarão alegremente as grandes verdades que Deus providenciou fossem proclamadas no tempo presente, a fim de preparar um povo para a segunda vinda do Senhor. {RR 3.4}
O inimigo das almas deseja estorvar esta obra; e antes que chegue o tempo para tal movimento, esforçar-se-á para impedi-la, introduzindo uma contrafação. Nas igrejas que puder colocar sob seu poder sedutor, fará parecer que a bênção especial de Deus foi derramada; se manifestará o que será considerado como grande interesse religioso. Multidões exultarão de que Deus esteja operando maravilhosamente por elas, quando a obra é de outro espírito. Sob o disfarce religioso, Satanás procurará estender sua influência sobre o mundo cristão. {RR 4.1}
Por que ser enganado?
Em muitos dos reavivamentos ocorridos durante o último meio século, têm estado a operar, em maior ou menor grau, as mesmas influências que se manifestarão em movimentos mais extensos no futuro. Há um reavivamento apenas emotivo, mistura do verdadeiro com o falso, muito apropriado para desviar. Contudo, ninguém necessita ser enganado. À luz da Palavra de Deus não é difícil determinar a natureza desses movimentos. Onde quer que os homens negligenciem o testemunho da Escritura Sagrada, desviando-se das verdades claras que servem para provar a alma e que exigem a renúncia de si mesmo e a do mundo, podemos estar certos de que ali não é outorgada a bênção de Deus. E, pela regra que o próprio Cristo deu — “por seus frutos os conhecereis” (Mateus 7:16) — é evidente que esses movimentos não são obra do Espírito de Deus. {RR 4.2}
Nas verdades de Sua Palavra, Deus deu aos homens a revelação de si mesmo; e a todos os que as aceitam servem de escudo contra os enganos de Satanás. Foi a negligência dessas verdades que abriu a porta aos males que tanto se estão generalizando agora no mundo religioso. Tem-se perdido de vista, em grande parte, a natureza e importância da lei de Deus. Uma concepção errônea do caráter, perpetuidade e vigência da lei divina, tem ocasionado erros quanto à conversão e santificação, resultando em baixar, na igreja, a norma de piedade. Aqui deve encontrar-se o segredo da falta do Espírito e poder de Deus nos avivamentos de nosso tempo. ... {RR 4.3}
Pode ser mudada a lei de Deus?
Muitos ensinadores religiosos afirmam que Cristo, pela Sua morte, aboliu a lei e, em virtude disso, estão os homens livres de seus requisitos. Alguns há que a representam como um jugo penoso; e em contraste com a servidão da lei apresentam a liberdade a ser desfrutada sob o evangelho. {RR 4.4}
Não foi, porém, assim que profetas e apóstolos consideravam a santa lei de Deus. Disse David: “Andarei em liberdade, pois busquei os Teus preceitos.” Salmos 119:45. O apóstolo Tiago, que escreveu depois da morte de Cristo, refere-se ao Decálogo como a “lei real” (Tiago 2:8) e a “lei perfeita da liberdade”. Tiago 1:25. E o autor do Apocalipse, meio século depois da crucifixão, pronuncia uma bênção aos que guardam os Seus mandamentos, “para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas”. Apocalipse 22:14. A declaração de que Cristo por Sua morte aboliu a lei do Pai, não tem fundamento. Se tivesse sido possível mudar a lei ou pô-la de parte, não teria sido necessário que Cristo morresse para salvar o homem da pena do pecado. ... {RR 4.5}
Separado e reconciliado
É a obra da conversão e santificação reconciliar os homens com Deus, pondo-os em harmonia com os princípios de Sua lei. No princípio, o homem foi criado à imagem de Deus. Estava em perfeita harmonia com a natureza e com a lei de Deus; os princípios da justiça lhe estavam escritos no coração. O pecado, porém, alienou-o do Criador. Não mais refletia a imagem divina. O coração estava em guerra com os princípios da lei de Deus. “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser.” Romanos 8:7. Mas “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigénito” (João 3:16), para que o homem pudesse reconciliar-se com Ele. Mediante os méritos de Cristo a humanidade pode se restabelecer à harmonia com o Criador. O coração deve ser renovado pela graça divina; deve receber nova vida de cima. Essa mudança é o novo nascimento, sem o que, diz Jesus, o homem “não pode ver o reino de Deus”. João 3:3. {RR 5.1}
O primeiro passo na reconciliação com Deus, é a convicção do pecado. “Pecado é a transgressão da lei.” 1 João 3:4. “Pela lei vem o conhecimento do pecado.” Romanos 3:20. A fim de ver sua culpa, o pecador deve provar o caráter próprio pela grande norma divina de justiça. É um espelho que mostra a perfeição de um viver justo, habilitando o pecador a discernir seus defeitos de caráter. {RR 5.2}
A lei revela ao homem os seus pecados, mas não provê remédio. Ao mesmo tempo que promete vida ao obediente, declara que a morte é a consequência para o transgressor. Unicamente o evangelho de Cristo o pode livrar da condenação ou contaminação do pecado. Deve ele exercer o arrependimento em relação a Deus, cuja lei transgrediu, e fé em Cristo, seu sacrifício expiatório. Obtém assim “remissão dos pecados dantes cometidos” (Romanos 3:25), e se torna participante da natureza divina. ... {RR 5.3}
Estaria agora na liberdade de transgredir a lei de Deus? Diz Paulo: “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei.” Romanos 3:31. “Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” Romanos 6:2. E João declara: “Este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos; ora, os Seus mandamentos não são penosos.” 1 João 5:3. No novo nascimento o coração é posto em harmonia com Deus, ao colocar-se em conformidade com a Sua lei. Quando essa poderosa transformação se efetua no pecador, passou ele da morte para a vida, do pecado para a santidade, da transgressão e rebelião para a obediência e lealdade. ... {RR 5.4}
Santificação — Quem efetua a obra?
Teorias errôneas sobre a santificação, procedentes da negligência ou rejeição da lei divina, ocupam lugar preeminente nos movimentos religiosos da época. Essas teorias não somente são falsas no que respeita à doutrina, mas também perigosas nos resultados práticos; e o fato de que estejam tão geralmente alcançando aceitação, torna duplamente essencial que todos tenham clara compreensão do que as Escrituras ensinam a tal respeito. {RR 6.1}
A verdadeira santificação é doutrina bíblica. O apóstolo Paulo, em carta à igreja de Tessalônica, declara: “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação.” 1 Tessalonicenses 4:3. E roga: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo.” 1 Tessalonicenses 5:23. A Bíblia ensina claramente o que é a santificação, e como deve ser alcançada. O Salvador orou pelos discípulos: “Santifica-os na verdade; a Tua Palavra é a verdade.” João 17:17. E Paulo ensina que os crentes devem ser santificados pelo Espírito Santo. Romanos 15:16. Qual é a obra do Espírito Santo? Disse Jesus aos discípulos: “Quando vier aquele Espírito da verdade, Ele vos guiará em toda a verdade.” João 16:13. E o salmista declara: “Tua lei é a verdade.” Salmos 119:142. Pela Palavra e Espírito de Deus se revelam aos homens os grandes princípios de justiça incorporados em Sua lei. E desde que a lei de Deus é santa, justa e boa, e imagem da perfeição divina, segue-se que o caráter formado pela obediência àquela lei será santo. Cristo é um exemplo perfeito de semelhante caráter. Diz Ele: “Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai.” João 15:10. “Eu faço sempre o que Lhe agrada.” João 8:29. Os seguidores de Cristo devem tornar-se semelhantes a Ele — pela graça de Deus devem formar caracteres em harmonia com os princípios de Sua santa lei. Isto é santificação bíblica. Esta obra unicamente pode ser efetuada pela fé em Cristo, pelo poder do Espírito de Deus habitando em nós. Paulo adverte os crentes: “Operai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é O que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade.” Filipenses 2:12, 13. O cristão sentirá as insinuações do pecado, mas sustentará luta constante contra ele. Aqui é que o auxílio de Cristo é necessário. A fraqueza humana se une à força divina, e a fé exclama: “Graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.” 1 Coríntios 15:57. {RR 6.2}
As Escrituras claramente revelam que a obra da santificação é progressiva. Quando na conversão o pecador acha paz com Deus mediante o sangue expiatório, apenas iniciou a vida cristã. Deve agora aperfeiçoar-se; crescer até “à medida da estatura completa de Cristo”. Efésios 4:13. ... {RR 7.1}
Não há lugar para arrogância
Os que experimentam a santificação bíblica manifestarão um espírito de humildade. Como Moisés, depois de contemplarem a augusta e majestosa santidade, vêem a sua própria indignidade contrastando com a pureza e excelsa perfeição do Ser infinito. {RR 7.2}
O profeta Daniel é um exemplo da verdadeira santificação. Seus longos anos foram cheios de nobre serviço a Seu Mestre. Foi um homem “mui desejado” do Céu. Daniel 10:11. Todavia, ao invés de ter a pretensão de ser puro e santo, este honrado profeta, quando pleiteava perante Deus em prol de seu povo, identificou-se com os que positivamente eram pecadores em Israel: “Não lançamos as nossas súplicas perante a Tua face fiados em nossas justiças, mas em Tuas muitas misericórdias. ... Pecamos; procedemos impiamente.” Daniel 9:18, 15. Declara ele: “Estando eu ainda falando, e orando, e confessando o meu pecado e o pecado do meu povo.” Daniel 9:20. Quando Jó ouviu, do redemoinho, a voz do Senhor, exclamou: “Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” Jó 42:6. Foi quando Isaías viu a glória do Senhor e ouviu os querubins a clamar — “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos exércitos” — que exclamou: “Ai de mim, que vou perecendo!” Isaías 6:3, 5. Arrebatado ao terceiro Céu, Paulo ouviu coisas que não era possível ao homem proferir, e fala de si mesmo como “o mínimo de todos os santos.” Efésios 3:8; 2 Coríntios 12:2-4. Foi o amado João, que se reclinou ao peito de Jesus, e Lhe contemplou a glória, que caiu como morto aos pés de um anjo. Apocalipse 1:17. {RR 7.3}

Não pode haver exaltação própria, orgulhosa pretensão à liberdade do pecado, por parte dos que andam à sombra da cruz do Calvário. Sentem eles que foi seu pecado o causador da agonia que quebrantou o coração do Filho de Deus, e este pensamento os levará à humilhação própria. Os que mais perto vivem de Jesus, mais claramente discernem a fragilidade e pecaminosidade do ser humano, e sua única esperança está nos méritos de um Salvador crucificado e ressurgido. {RR 7.4}

23.9.13

O pão de cada dia

O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Mateus 6:11. {JM 11.1}
Como uma criança, vocês receberão dia a dia o suficiente para a necessidade diária. Cada dia vocês devem orar: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje”. Mateus 6:11. Não desanimem se não têm o suficiente para amanhã. Vocês têm a garantia de Sua promessa: “Habitarás na Terra e, verdadeiramente, serás alimentado”. Salmos 37:3. Diz Davi: “Fui moço e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão”. Salmos 37:25. [...] {JM 11.2}
Aquele que abrandava os cuidados e ansiedades de Sua mãe viúva, e a ajudava a prover a casa de Nazaré, compreende toda mãe em sua luta para prover alimento aos filhos. O que Se compadeceu das turbas porque “estavam fatigadas e derramadas” (Mateus 9:36, TT), ainda Se compadece dos pobres sofredores. Sua mão está estendida para eles em uma bênção; e na própria oração que ensinou aos Seus discípulos, ensina-nos a lembrar os pobres. [...] {JM 11.3}
A oração pelo pão de cada dia inclui não apenas o alimento para sustentar o corpo, mas aquele pão espiritual que nos nutrirá para a vida eterna. Jesus nos ordena: “Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna”. João 6:27 (NVI). Ele diz: “Eu sou o pão vivo que desceu do Céu; se alguém comer desse pão, viverá para sempre”. João 6:51. Nosso Salvador é pão da vida, e é mediante a contemplação de Seu amor, e recebendo esse amor no coração, que nos nutrimos do pão que desceu do Céu. {JM 11.4}
Recebemos a Cristo por meio de Sua Palavra; e o Espírito Santo é dado a fim de esclarecer a Palavra ao nosso entendimento, impressionando-nos o coração com suas verdades. Devemos orar, dia a dia para que, ao lermos Sua Palavra, Deus envie Seu Espírito a fim de nos revelar a verdade que nos fortalecerá a alma para a necessidade do dia. {JM 11.5}
Ensinando-nos a pedir cada dia o que necessitamos — tanto as bênçãos temporais como as espirituais — Deus tem um propósito para nosso bem. Deseja que reconheçamos nossa dependência de Seu constante cuidado; pois procura atrair-nos em comunhão com Ele. Nessa comunhão com Cristo, mediante a oração e o estudo das grandes e preciosas verdades de Sua Palavra, seremos alimentados, como os que têm fome; como os que têm sede, seremos saciados pela fonte da vida. — O Maior Discurso de Cristo, 111-113. {JM 11.6}

Espírito perdoador
Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. Mateus 6:14-15. {JM 12.1}
Nosso Salvador ensinou Seus discípulos a orar: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. Mateus 6:12. Uma grande bênção é aqui solicitada sob condição. Nós mesmos afirmamos essas condições. Pedimos que a misericórdia de Deus para conosco seja medida pela misericórdia que mostramos a outros. Cristo declara que esta é a regra pela qual o Senhor tratará conosco: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. Mateus 6:14-15. Maravilhosos termos! Mas quão pouco são compreendidos ou acatados. {JM 12.2}
Um dos pecados mais comuns, e que é seguido dos resultados mais perniciosos, é a tolerância de um espírito não disposto a perdoar. Quantos abrigam animosidade ou espírito de vingança, e então curvam a cabeça diante de Deus e pedem para ser perdoados assim como perdoam! Certamente não podem possuir o verdadeiro senso do que esta oração importa, ou não a tomariam nos lábios. Dependemos da misericórdia de Deus cada dia e cada hora; como podemos então agasalhar amargura e malícia para com o nosso próximo pecador! Se, em seus relacionamentos diários os cristãos aplicarem os princípios dessa oração, que bendita mudança se operará na igreja e no mundo! Esse seria o mais convincente testemunho dado sobre a realidade da religião bíblica. [...] {JM 12.3}
Somos advertidos pelo apóstolo: “O amor seja não fingido. Aborrecei o mal, e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros”. Romanos 12:9-10. Paulo desejava que distinguíssemos, entre o amor puro, abnegado, que é induzido pelo espírito de Cristo, e a pretensão sem sentido e enganosa, que é abundante no mundo. Essa vil falsificação tem desviado muitas pessoas. Poderia anular a distinção entre o certo e o errado, concordando com os transgressores, em vez de mostrar fielmente seus erros. Tal procedimento nunca provém da verdadeira amizade. O espírito pelo qual é induzido só habita no coração carnal. {JM 12.4}
Embora os cristãos devam ser sempre bondosos, compassivos e perdoadores, não podem viver em harmonia com o pecado. Aborrecerão o mal e se apegarão ao que é bom, mesmo com sacrifício da associação ou amizade com os ímpios. O espírito de Cristo nos levará a odiar o pecado, ao mesmo tempo em que estaremos dispostos a fazer qualquer sacrifício para salvar o pecador. — Testemunhos para a Igreja 5:170-171. {JM 12.5}

Coração agradecido
Então, entoou Moisés e os filhos de Israel este cântico ao Senhor, e disseram: Cantarei ao Senhor, porque triunfou gloriosamente; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro. O Senhor é a minha força e o meu cântico; Ele me foi por salvação; este é o meu Deus; portanto, eu O louvarei; Ele é o Deus de meu pai; por isso, O exaltarei. Êxodo 15:1-2. {JM 13.1}
Semelhante à voz das profundezas, surgiu das vastas hostes de Israel aquela sublime tributação de louvor. Começou com as mulheres de Israel, tendo à frente Miriã, irmã de Moisés, ao saírem elas com tamboril e danças. Longe, por sobre o deserto e o mar, repercutia o festivo estribilho, e as montanhas ecoavam as palavras de seu louvor. [...] {JM 13.2}
Este cântico e o grande livramento que ele comemora produziram uma impressão que nunca se dissiparia da memória do povo hebreu. De século em século era repercutido pelos profetas e cantores de Israel, testemunhando que Jeová é a força e livramento daqueles que nEle confiam. Aquele cântico não pertence unicamente ao povo judeu. Ele aponta, no futuro, a destruição de todos os adversários da justiça, e a vitória final do Israel de Deus. O profeta de Patmos vê a multidão vestida de branco, dos que “saíram vitoriosos”, em pé sobre o “mar de vidro misturado com fogo”, tendo as “harpas de Deus. E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro”. Apocalipse 15:2-3. [...] {JM 13.3}
Tal era o espírito que penetrava o cântico do livramento de Israel, e é o espírito que deveria habitar no coração de todos os que amam e temem a Deus. Libertando-nos do cativeiro do pecado, Deus operou para nós um livramento maior do que o dos hebreus no Mar Vermelho. Como a hoste dos hebreus, devemos louvar ao Senhor com o coração, com a alma, e com a voz, pelas Suas maravilhosas obras aos filhos dos homens. Aqueles que meditam nas grandes bênçãos de Deus, e não se esquecem de Suas menores dádivas, cingir-se-ão de alegria, e entoarão sinceros hinos ao Senhor. As bênçãos diárias que recebemos das mãos de Deus, e acima de tudo, a morte de Jesus para trazer a felicidade e o Céu ao nosso alcance, devem ser objeto de gratidão constante. Que compaixão, que amor incomparável mostrou-nos Deus, a nós pecadores perdidos, ligando-nos consigo, para que Lhe sejamos um tesouro particular! — Patriarcas e Profetas, 288-289. {JM 13.4}

Oração em nome de Jesus
Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. 1 João 2:1. {JM 14.1}
Nós temos um advogado no trono de Deus, que está circundado pelo arco da promessa, e somos convidados a apresentar nossas petições diante do Pai em nome de Cristo. Jesus diz: Peça o que quiser em Meu nome, e isso lhe será dado. Ao apresentar Meu nome, vocês mostrarão que pertencem a Mim, que são Meus filhos e filhas, e o Pai lhes tratará como Seus próprios filhos, e lhes amará como ama a Mim. {JM 14.2}
Sua fé em Mim os levará a exercitarem uma afeição íntima e filial para comigo e para com o Pai. Eu sou a corrente de ouro pela qual seu coração e alma são ligados em amor e obediência ao Meu Pai. Expressem ao Meu Pai que Meu nome lhes é precioso, que Me respeitam e Me amam, e poderão pedir o que precisarem. Ele lhes perdoará as transgressões, e lhes adotará em Sua família real — tornando-lhes filhos de Deus, co-herdeiros com Seu Filho Unigénito. {JM 14.3}
Através da fé em Meu nome Ele lhes concederá a santificação e santidade que lhes prepararão para Sua obra em um mundo de pecado, e lhes qualificarão a uma herança imortal em Seu reino. O Pai tem aberto amplamente, não apenas todo o Céu, mas todo o Seu coração, para aqueles que manifestam fé no sacrifício de Cristo, e para aqueles que pela fé no amor de Deus voltam à sua lealdade. Aqueles que crêem em Cristo como Aquele que levou sobre Si o pecado, a propiciação por seus pecados, o intercessor em seu favor, podem através da riqueza da graça de Deus reivindicar os tesouros do céu. [...] {JM 14.4}
A oração do contrito de coração abre os celeiros de provisões e assegura o poder onipotente. Esse tipo de oração habilita o suplicante a entender o que significa reter o poder de Deus, e ter paz com Ele. Esse tipo de oração faz-nos exercer influência sobre aqueles com quem nos associamos. [...] É nosso privilégio e dever trazer a eficácia do nome de Cristo às nossas petições, e usar os muitos argumentos que Cristo tem usado em nosso favor. Nossas orações estarão então em completa harmonia com a vontade de Deus. — The Signs of the Times, 18/6/1896. {JM 14.5}

Orações atendidas
Deleitar-te-ás, pois, no Todo-poderoso e levantarás o rosto para Deus. Orarás a Ele, e Ele te ouvirá; e pagarás os teus votos. Jó 22:26-27. {JM 15.1}
Em sua oração pelos discípulos Cristo disse: “E a favor deles Eu Me santifico a Mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em Mim, por intermédio da sua palavra”. João 17:19-20. Em Sua oração, Cristo inclui todos aqueles que ouvirão suas palavras de vida e salvação através dos mensageiros que Ele envia. [...] {JM 15.2}
Podemos nós, pela fé, compreender o fato de que somos amados pelo Pai assim como o Filho é amado? Se pudéssemos de fato nos assegurar e agir de acordo com isso, certamente teríamos a graça de Cristo, o óleo santo do Céu, lançado em nosso coração necessitado, ressequido e sedento. Nossa luz já não seria vacilante e trêmula, mas brilharia radiante entre a moral obscura que, como um manto fúnebre, envolve o mundo. Devemos pela fé ouvir a intercessão prevalecente que Cristo apresenta continuamente em nosso favor, quando diz: “Pai, a Minha vontade é que onde Eu estou, estejam também comigo os que Me deste, para que vejam a Minha glória que Me conferiste, porque Me amaste antes da fundação do mundo”. João 17:24. [...] {JM 15.3}
Nosso Redentor nos encoraja a apresentar súplicas contínuas. Ele nos faz firmes promessas de que não suplicaremos em vão. Ele diz: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á”. Mateus 7:7-8. {JM 15.4}
Ele então apresenta a figura de uma criança pedindo pão a seu pai, e mostra como Deus tem muito mais desejo de atender às nossas petições do que os pais de atenderem às petições de seus filhos. [...] {JM 15.5}

Nosso precioso Salvador está à nossa disposição hoje. NEle se centraliza nossa esperança de vida eterna. Ele é Aquele que apresenta nossas petições ao Pai, e nos comunica a bênção pela qual suplicamos. — The Signs of the Times, 18 de Junho de 1896. {JM 15.6}

18.9.13

A Ponte Sobre o Abismo

O homem foi originariamente dotado de nobres faculdades e de um espírito bem equilibrado. Era um ser perfeito, e estava em harmonia com Deus. Seus pensamentos eram puros, santos os seus intentos. Mas pela desobediência, suas faculdades foram pervertidas, e o egoísmo tomou o lugar do amor. Sua natureza tornou-se tão enfraquecida pela transgressão que lhe era impossível, em sua própria força, resistir ao poder do mal. Fez-se cativo de Satanás, e assim teria permanecido para sempre se Deus não tivesse intervindo de modo especial. Era desígnio do tentador frustrar o plano divino quanto à criação do homem, e encher a Terra de miséria e desolação. E todo este mal ele apontava como consequência da criação do homem por Deus. {CC 17.1}
Em seu estado de inocência mantinha o homem feliz comunhão com Aquele “em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”. Colossences 2:3. Depois de pecar, porém, já não podia encontrar alegria na santidade, e procurou esconder-se da presença de Deus. Tal é ainda hoje o estado do coração não convertido. Não está em harmonia com Deus e não encontra prazer na comunhão com Ele. O pecador não poderia sentir-se feliz na presença de Deus; esquivar-se-ia ao contato dos seres santos. Se lhe fosse permitido entrar no Céu, este nenhuma alegria lhe proporcionaria. O espírito de abnegado amor que ali reina — onde cada coração reflete o Infinito Amor — não encontraria eco em sua alma. Seus pensamentos, seus interesses, seus motivos seriam bem diferentes dos que animam os imaculados habitantes dali. Seria uma nota discordante na melodia celeste. O Céu ser-lhe-ia um lugar de suplícios; almejaria ocultar-se daquele que ali é luz e centro de todas as alegrias. Não é um decreto arbitrário da parte de Deus que veda o Céu aos ímpios; estes são excluídos por sua própria inaptidão para dele participar. A glória de Deus ser-lhes-ia um fogo consumidor. Prefeririam a destruição, para serem escondidos da face dAquele que morreu para os redimir. {CC 17.2}
É-nos impossível, por nós mesmos, escapar ao abismo do pecado em que estamos mergulhados. Nosso coração é ímpio, e não o podemos transformar. “Quem do imundo tirará o puro? Ninguém!” Jó 14:4. “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser.” Romanos 8:7. A educação, a cultura, o exercício da vontade, o esforço humano, todos têm sua devida esfera de ação, mas neste caso são impotentes. Poderão levar a um procedimento exteriormente correto, mas não podem mudar o coração; são incapazes de purificar as fontes da vida. É preciso um poder que opere interiormente, uma nova vida que proceda do alto, antes que os homens possam substituir o pecado pela santidade. Esse poder é Cristo. Sua graça, unicamente, é que pode avivar as amortecidas faculdades da alma, e atraí-la a Deus, à santidade. {CC 18.1}
Disse o Salvador: “Aquele que não nascer de novo”- não receber um novo coração, novos desejos, propósitos e motivos, que conduzem a uma nova vida — “não pode ver o reino de Deus.” João 3:3. A ideia de que basta desenvolver o bem que por natureza existe no homem, é um erro fatal. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” 1 Coríntios 2:14. “Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.” João 3:7. Acerca de Cristo diz a Escritura: “Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens” (João 1:4), e “nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” Atos 4:12. {CC 18.2}
Não basta percebermos a benignidade de Deus, vermos a benevolência, a ternura paternal de Seu caráter. Não basta reconhecermos a sabedoria e justiça de Sua lei, e que ela se baseia sobre o eterno princípio do amor. Paulo, o apóstolo, reconheceu tudo isto quando exclamou: “Consinto com a lei, que é boa.” “A lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom.” Acrescentou, porém, na amargura de sua íntima angústia e desespero: “Mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.” Romanos 7:16, 12-14. Ansiava a pureza, a justiça, as quais era impotente para alcançar por si mesmo e exclamou: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” Romanos 7:24. Tal é o brado que tem subido de corações oprimidos, em todas as terras e em todos os tempos. Para todos só existe uma resposta: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” João 1:29. {CC 19.1}
Muitas são as imagens pelas quais o Espírito de Deus tem procurado ilustrar esta verdade e torná-la clara às almas que suspiram por serem libertas do peso da culpa. Quando, depois de seu pecado de enganar a Esaú, Jacó fugiu do lar paterno, ficou abatido pela consciência da culpa. Solitário e desterrado como se achava, separado de tudo o que lhe havia tornado preciosa a vida, o pensamento que, acima de todos os outros, lhe oprimia a alma, era o temor de que seu pecado o alienara de Deus, e de que fora rejeitado pelo Céu. Com tristeza, deitou-se para repousar sobre a terra nua, tendo em volta de si apenas os solitários outeiros, e sobre si o céu resplandecente de estrelas. Quando dormia, estranha luz lhe feriu a vista: eis que, do plano que estava deitado, amplos e sombreados degraus pareciam erguer-se até às próprias portas do Céu, e sobre eles anjos de Deus subiam e desciam; enquanto, da glória acima, ouviu a voz de Deus em uma mensagem de conforto e esperança. Assim foi revelado a Jacó o que lhe podia satisfazer a necessidade e anseios da alma — um Salvador. Com alegria e gratidão viu revelado um meio pelo qual ele, pecador, poderia ser restituído à comunhão com Deus. A mística escada de seu sonho representava Jesus, o único meio de comunicação entre Deus e o homem. {CC 19.2}
É este o mesmo quadro ao qual Se referiu Cristo em Sua palestra com Natanael, quando disse: “Vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do Homem.” João 1:51. Apostatando, o homem alienou-se de Deus; a Terra foi separada do Céu. Através do abismo existente entre eles, não podia haver comunicação. Mas por Cristo a Terra foi de novo ligada ao Céu. Com Seus próprios méritos, Cristo lançou uma ponte através do abismo que o pecado cavara, de maneira que os anjos ministradores podem manter comunhão com o homem. Cristo une o homem caído, em sua fraqueza e desamparo, à Fonte de infinito poder. {CC 20.1}
Em vão sonham os homens com o progresso; frustrados são todos os empenhos para o enobrecimento da humanidade, se passam por alto a única fonte de esperança e auxílio para a raça caída. “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito” (Tiago 1:17) vêm de Deus. Não há verdadeira excelência de caráter fora dele. A única senda que conduz a Deus é Cristo. Diz Ele: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim.” João 14:6. {CC 21.1}
O coração de Deus anseia por Seus filhos terrestres com amor mais forte que a morte. Entregando Seu Filho, nesse único Dom derramou sobre nós todo o Céu. A vida, morte e intercessão do Salvador, o ministério dos anjos, o pleitear do Espírito, o Pai operando acima de tudo e por tudo, o interesse incessante dos seres celestiais — tudo se empenha em favor da redenção do homem. {CC 21.2}
Oh! consideremos o maravilhoso sacrifício que foi feito por nós! Procuremos avaliar o esforço e energia que o Céu dedica para reivindicar os perdidos e reconduzi-los ao lar paterno. Motivos mais fortes e instrumentos mais poderosos não poderiam jamais ser postos em operação; as excelentes recompensas de fazer o bem, a alegria do Céu, a sociedade dos anjos, a comunhão e o amor de Deus e Seu Filho, o enobrecimento e dilatação de todas as nossas faculdades através dos séculos da eternidade — acaso não são, estes, poderosos incentivos e encorajamentos para nos impelir a consagrar ao nosso Criador e Redentor os mais amantes serviços do coração? {CC 21.3}
E, por outro lado, os juízos divinos pronunciados contra o pecado, a inevitável retribuição, a degradação do nosso caráter e o final aniquilamento, são-nos apresentados na Palavra de Deus a fim de nos advertir contra o serviço de Satanás. {CC 21.4}

Não deveríamos considerar a misericórdia divina? Que mais poderia Deus fazer? Relacionemo-nos, pois, devidamente com Aquele que nos amou com maravilhoso amor. Prevaleçamo-nos dos meios que nos foram providos, para sermos transformados à Sua semelhança e restaurados à comunhão com os anjos ministradores, à harmonia e comunhão com o Pai e o Filho. {CC 22.1}

13.9.13

Cuidado com as Falsificações

A grande prova — “À lei e ao testemunho! se eles não falarem segundo esta Palavra, não haverá manhã para eles”. Isaías 8:20. O povo de Deus é encaminhado às Santas Escrituras como a salvaguarda contra a influência dos falsos ensinadores e poder ilusório dos espíritos das trevas. Satanás emprega todo artifício possível para impedir os seres humanos de obterem conhecimento da Bíblia; pois os claros ensinos desta põem a descoberto os seus enganos. Em todo avivamento da obra de Deus o príncipe do mal está desperto para atividade mais intensa; aplica atualmente todos os seus esforços em preparar-se para a luta final contra Cristo e Seus seguidores. O último grande engano deve logo patentear-se diante de nós. O anticristo vai operar suas obras maravilhosas à nossa vista. Tão meticulosamente a contrafação se parecerá com o verdadeiro, que será impossível distinguir entre ambos sem o auxílio das Escrituras Sagradas. Pelo testemunho destas toda declaração e todo prodígio deverão ser provados. — O Grande Conflito, 593. {RV 43.1}
Por que não depender apenas dos milagres? — O homem que torna a operação de milagres a prova de sua fé verificará que Satanás pode, por meio de uma variedade de enganos, efetuar prodígios que parecerão genuínos milagres. — Mensagens Escolhidas 2:52. {RV 43.2}
Satanás é um astuto trabalhador, e introduzirá falsidades sutis para obscurecer e confundir a mente e extirpar as doutrinas da salvação. Os que não aceitam literalmente a Palavra de Deus, serão apanhados em sua armadilha. — Mensagens Escolhidas 2:52. {RV 43.3}
Anjos maus estão em nosso encalço a cada momento. [...] Eles ocupam novo território, e realizam maravilhas e milagres à nossa vista. [...] {RV 43.4}
Alguns serão tentados a aceitar essas maravilhas como sendo de Deus. Enfermos serão curados à nossa vista. Milagres se efetuarão aos nossos olhos. Estamos nós apercebidos para a prova que nos aguarda quando as mentirosas maravilhas de Satanás forem mais amplamente exibidas? Não serão muitas pessoas enredadas e arrebatadas? Separando-se dos positivos preceitos e mandamentos de Deus, e dando ouvido às fábulas, a mente de muitos se está preparando para receber esses prodígios de mentira. Cumpre buscarmos todos armar-nos para o combate em que nos havemos de em breve empenhar. A fé na Palavra de Deus, o estudo apoiado pela oração e posto em prática, serão nossa proteção contra o poder de Satanás, levando-nos à vitória pelo sangue de Cristo. — Testemunhos para a Igreja 1:302. {RV 43.5}
Confusão — Precisamos estar atentos e manter íntima ligação com Cristo, para não sermos enganados pelos ardis de Satanás. O Senhor deseja manter em Seu serviço ordem e disciplina, não agitação e confusão. — Mensagens Escolhidas 2:35. {RV 46.5}
Gritos, choro e movimentação estranha não são evidências de que o Espírito de Deus está atuando. — The Review and Herald, 5 de Março de 1889. {RV 46.6}
Ordem versus impressões e sentimentos — Há muitas pessoas desassossegadas que não se submeterão à disciplina, ao sistema e à ordem. Julgam que sua liberdade seria restringida, caso tivessem de pôr de parte o juízo próprio e submeterem-se ao das pessoas de mais experiência. Não haverá progresso na obra de Deus, a menos que haja disposição para se submeterem à ordem, e expelirem de suas reuniões o espírito negligente e desordenado de fanatismo. {RV 47.1}
As impressões e os sentimentos não são seguras provas de que uma pessoa esteja sendo dirigida pelo Senhor. Se não estivermos apercebidos, Satanás promoverá sentimentos e impressões. Esses não são guias seguros. Todos se devem familiarizar plenamente com as provas de nossa fé, e a grande preocupação deve ser adornarem sua profissão de fé, e produzirem frutos para glória de Deus. — Testemunhos para a Igreja 1:413. {RV 47.2}
Escravos de Satanás — Por todo lado, busca Satanás seduzir os jovens para o caminho da perdição; e, se consegue uma vez levar-lhes os pés nessa direção, incita-os avante em sua carreira descendente, conduzindo-os de uma a outra dissipação, até que suas vítimas perdem a sensibilidade de consciência, não mais tendo diante dos olhos o temor de Deus. Exercem cada vez menos domínio próprio. Ficam habituadas ao uso do vinho e do álcool, do fumo e do ópio, e vão de um a outro estágio de desonra. São escravos do apetite. O conselho que uma vez respeitavam, aprendem a desprezar. Tomam uma atitude jactanciosa, e gabam-se de liberdade quando se acham servos da corrupção. Têm por liberdade o serem escravos do apetite e da licenciosidade egoístas e baixos. — Temperança, 274. {RV 47.3}
“Inspirados” pelas drogas — Por algum tempo ele [um paciente do Sanatório de Battle Creek] pensara que estava recebendo nova iluminação. Estava muito doente, devendo morrer em breve. [...] Aqueles a quem ele apresentava seus pontos de vista os escutavam ansiosamente, e alguns o consideravam inspirado. [...] Para muitos esse raciocínio parecia perfeito. Falavam de sua poderosa exortação no quarto de doente. As mais maravilhosas cenas passavam diante dele. Mas qual era a fonte de sua inspiração? Era a morfina a ele dada para aliviar-lhe a dor. — Mensagens Escolhidas 2:113. {RV 47.4}
Panteísmo, espiritualismo e amor livre — A teoria de que Deus é uma essência que penetra toda a natureza é um dos mais sutis artifícios de Satanás. Representa falsamente a Deus e é uma desonra para Sua grandeza e majestade. As teorias panteístas não são apoiadas pela Palavra de Deus. [...] Satisfazem o coração natural, e favorecem a inclinação. — Testemunhos para a Igreja 8:291. {RV 47.5}
A teoria de que Deus é uma essência que penetra toda a natureza é aceita por muitos que professam crer nas Escrituras; mas, se bem que revestida de belas roupagens, essa teoria é perigosíssimo engano. Ela representa falsamente a Deus, sendo uma desonra para Sua grandeza e majestade. E tende por certo não somente a extraviar como a rebaixar os seres humanos. As trevas são o seu elemento, a sensualidade a sua esfera. [...] Seguidas até sua conclusão lógica, essas teorias assolam toda a dispensação cristã. Removem a necessidade da expiação, tornando o ser humano seu próprio salvador. — A Ciência do Bom Viver, 428. {RV 48.1}
Vi as consequências desses fantasiosos pontos de vista acerca de Deus, na apostasia, espiritualismo e amor livre. A tendência para o amor livre, que esses ensinos encerram, estava tão disfarçada que, a princípio, era difícil tornar claro o seu verdadeiro caráter. Até que o Senhor mo apresentou, eu não sabia como denominá-lo, mas fui instruída a chamá-lo amor espiritual não santificado. — Testemunhos para a Igreja 8:292. {RV 48.2}
Como nos dias dos apóstolos as pessoas procuravam destruir a fé nas Escrituras pelas tradições e filosofias, assim hoje, pelos aprazíveis sentimentos da “alta crítica”, evolução, espiritualismo, teosofia e panteísmo, o inimigo da justiça está procurando levar as pessoas para caminhos proibidos. [...] Pelo espiritualismo, multidões são ensinadas a crer que o desejo é a mais alta lei, que licenciosidade é liberdade, e que o ser humano deve prestar contas apenas a si mesmo. — Atos dos Apóstolos, 474. {RV 48.3}
Conduta irracional — A santificação não é um feliz êxtase dos sentimentos, nem é obra de um instante, mas da vida toda. Se alguém afirma que o Senhor o santificou, tornando-o santo, a prova de sua pretensão à bênção será vista nos frutos de mansidão, paciência, longanimidade, veracidade e amor. {RV 48.4}
Se a bênção que receberam os que alegam ser santificados os leva a confiar em alguma emoção especial, e declaram não haver necessidade de examinar as Escrituras para saberem a revelada vontade de Deus, então a suposta bênção é falsa, pois leva seu possuidor a dar valor a suas próprias emoções e fantasias não santificadas, e fechar os ouvidos à voz de Deus em Sua Palavra. [...] {RV 48.5}
Excitamento nervoso, em questões de religião, não é evidência da atuação do Espírito Santo na vida de uma pessoa. Temos lido a respeito de contorções do corpo em delírio, gritos agudos e estranhos na obra de Satanás, afetando o corpo e a mente das pessoas, mas a obra de Deus não contempla nenhum exemplo desse tipo de manifestação, como resultado do derramamento do Espírito. É claro que semblantes transtornados, explosões de ira e contorções estranhas do corpo são manifestações do inimigo. {RV 48.6}
O pior é que alguns pensam que desordens mentais, as quais são intensificadas pelo poder de Satanás, representem alguma garantia de que Deus esteja fazendo essas pessoas incautas agirem de forma tão esquisita. Em termos gerais, o tom e espírito da mensagem bíblica é de condenação às pessoas que não agem de modo racional e compreensível. Quando o Espírito Santo influencia o coração de alguém, isso resulta em um filho de Deus mais obediente e fiel, capaz de agir de forma que recomenda a religião diante de pessoas sensíveis e ponderadas. — The Signs of the Times, 28 de Fevereiro de 1895. {RV 49.1}
Fingimento — Disse Cristo: “Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-Me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em Teu nome, e em Teu nome não expelimos demónios, e em Teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniquidade”. Mateus 7:21-23. {RV 49.2}
Essas pessoas podem até se dizer seguidoras de Cristo, mas elas estão muito distantes do seu Líder. Podem clamar: “Senhor, Senhor”, ou apontar para doentes que foram curados através delas, ou outros milagres, e até reivindicar que manifestam mais do Espírito e poder de Deus do que os guardadores da lei. Entretanto suas obras são realizadas sob supervisão do inimigo da justiça, cujo objetivo é enganar as pessoas e afastá-las da obediência, da verdade e do dever. {RV 49.3}
No futuro próximo haverá ainda mais intensas manifestações desse poder operador de maravilhas, a respeito do qual foi dito: “também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à Terra, diante dos homens”. Apocalipse 13:13. {RV 49.4}
É surpreendente notar quantas pessoas estão dispostas a aceitar essas pretensões como a genuína obra do Espírito de Deus, entretanto quem focaliza basicamente o espetáculo causado por essas ações, e é guiado pelo impulso ou impressão, vai ser enganado mesmo. [...] {RV 49.5}
Pretensões de santidade — Ninguém que pretenda ser santo é realmente santo. Aqueles que estão registados como santos nos livros do Céu não se apercebem desse fato e são os últimos a proclamar a própria bondade. Nenhum dos profetas ou apóstolos jamais professou santidade, nem mesmo Daniel, Paulo ou João. Os justos não fazem esse tipo de reivindicação. {RV 49.6}
Quanto mais se aproximam de Cristo, mais lamentam as suas imperfeições em comparação com Ele, pois a sua consciência se torna mais sensível, e percebem melhor o pecado, assim como Deus o percebe. Essas pessoas desenvolvem uma visão aguçada de Deus e do grande plano da salvação, seu coração se torna mais humilde, à medida que fica evidente sua indignidade, e seu objetivo é viver de modo a honrar o privilégio de serem contados como membros da família celestial, filhos e filhas do Rei eterno. {RV 49.7}
Os que amam a lei de Deus não conseguem se harmonizar, em termos de adoração ou espírito, com os resolutos transgressores da lei, aqueles que ficam tomados de amargura ou malícia sempre que as claras verdades da Bíblia são ensinadas. Nós temos um detector que claramente distingue entre o falso e o verdadeiro. “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva”. Isaías 8:20. — The Signs of the Times, 26 de Fevereiro de 1885. {RV 50.1}
Em que voz posso confiar? — Necessitamos estar ancorados em Cristo, arraigados e fundados na fé. Satanás opera mediante agentes. Escolhe aqueles que não têm estado a beber das águas vivas, cuja mente está sedenta de novidades e coisas estranhas, e que estão sempre prontos a beber de qualquer fonte que se apresente. Ouvir-se-ão vozes dizendo: “Eis que o Cristo está aqui”, ou “Eis que está ali”; não os devemos crer, porém. Temos inequívocas evidências da voz do Pastor verdadeiro, e Ele está nos chamando a segui-Lo. Ele diz: “Tenho guardado os mandamentos de Meu Pai”. João 15:10. Conduz Suas ovelhas em humilde obediência à lei de Deus, mas nunca as anima na transgressão dessa lei. {RV 50.2}
“A voz dos estranhos” (João 10:5) é a voz de alguém que nem respeita nem obedece à santa, justa e boa lei de Deus. Muitos têm grandes pretensões à santidade, e gabam-se das maravilhas que operam curando os doentes, quando não consideram essa grande norma de justiça. Mas pelo poder de quem são essas curas efetuadas? Acham-se os olhos de ambas as partes abertos a suas transgressões da lei? e tomam eles sua posição como filhos humildes, obedientes, prontos a obedecer a todas as reivindicações de Deus? [...] {RV 50.3}

Ninguém precisa ser enganado. A lei de Deus é tão sagrada como Seu trono, e por ela será julgado todo homem que vem ao mundo. Não há outra norma pela qual provar o caráter. “Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva”. Isaías 8:20. Ora, será o caso resolvido segundo a Palavra de Deus, ou hão de as pretensões humanas receber crédito? Cristo diz: “Pelos seus frutos os conhecereis”. Mateus 7:20. — Mensagens Escolhidas 2:50. {RV 50.4}

10.9.13

A Tentação e Queda

Este capítulo é baseado em Génesis 3.
Satanás assumiu a forma de serpente e entrou no Éden. A serpente era uma bela criatura com asas, e quando voava pelos ares apresentava uma aparência brilhante, parecendo ouro polido. Ela não andava sobre o chão, mas ia de uma árvore a outra pelo ar e comia frutos como o homem. Satanás entrou na serpente e tomou sua posição na árvore do conhecimento e começou vagarosamente a comer do fruto. {HR 32.1}
Eva, a princípio inconscientemente, absorvida em suas ocupações separou-se do marido. Quando percebeu o fato, sentiu a apreensão do perigo, mas de novo imaginou estar segura, mesmo não estando ao lado do marido. Tinha sabedoria e força suficientes para discernir o mal e resistir-lhe. Os anjos haviam-na advertido para que não fizesse isso. Eva logo se achou a contemplar com um misto de curiosidade e admiração a árvore proibida. Viu que o fruto era muito belo, e pensava consigo mesma porque Deus decidira proibi-los de comê-lo ou tocar nele. Era então a oportunidade de Satanás. Dirigiu-se a ela como se fosse capaz de adivinhar seus pensamentos: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” Assim, com palavras suaves e aprazíveis, e com voz musical, dirigiu-se à maravilhada Eva. Ela se sobressaltou ao ouvir uma serpente falar. Esta exaltava sua beleza e excessivo encanto, o que não lhe desagradava. Mas Eva estava espantada, pois sabia que Deus não tinha conferido à serpente o poder da fala. {HR 32.2}
A curiosidade de Eva aumentou. Em vez de escapar do local, ficou ouvindo a serpente falar. Não ocorreu à sua mente que este pudesse ser o inimigo decaído, usando a serpente como médium. Era Satanás quem falava, não a serpente. Eva estava encantada, lisonjeada, enfatuada. Tivesse encontrado uma personagem autoritária, possuindo uma forma semelhante à dos anjos e a eles se parecendo, teria ela se colocado em guarda. Mas essa estranha voz devia tê-la impelido para junto de seu marido, a fim de perguntar-lhe por que outro podia assim livremente dirigir-se a ela. Mas entrou em controvérsia com a serpente. Respondeu a sua pergunta: “Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais.” Então a serpente disse à mulher: “Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” {HR 33.1}
Satanás desejava infundir a idéia de que pelo comer da árvore proibida eles receberiam uma nova e mais nobre espécie de conhecimento do que até então tinham alcançado. Este tem sido seu trabalho especial, com grande sucesso, desde a queda — levar o homem a forçar a porta dos segredos do Todo-poderoso e a não estar satisfeito com o que Deus tem revelado, e não cuidar de obedecer ao que Ele tem ordenado. Gostaria de levá-los a desobedecer aos mandamentos de Deus, e então fazê-los crer que estão entrando num maravilhoso campo de saber. Isto é pura suposição, e um miserável logro. {HR 33.2}
Eles deixam de compreender o que Deus tem revelado, menosprezam Seus explícitos mandamentos e aspiram a mais sabedoria, independente de Deus, e procuram compreender aquilo que Lhe aprouve reter dos mortais. Exultam com suas idéias de progresso e se encantam com sua própria vã filosofia, mas apalpam trevas de meia-noite quanto ao verdadeiro conhecimento. Estão sempre estudando e nunca são capazes de chegar ao conhecimento da verdade. {HR 34.1}
Não era da vontade de Deus que este santo par tivesse qualquer conhecimento do mal. Dera-lhes livremente o bem, mas retivera o mal. Eva julgou sábias as palavras da astuta serpente quando ouviu a audaciosa asserção: “É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” — fazendo de Deus um mentiroso. Satanás insinuou insolentemente que Deus os tinha enganado impedindo que fossem exaltados com um conhecimento igual ao Seu próprio. Deus disse: “Se dela comeres, certamente morrerás.” A serpente disse: “É certo que não morrereis.” {HR 34.2}
O tentador assegurou a Eva que tão logo comesse o fruto ela receberia um novo e superior conhecimento que a faria igual a Deus. Chamou sua atenção para si mesmo. Ele comera livremente da árvore e a achara não apenas perfeitamente inofensiva mas deliciosa e estimulante, e disse-lhe que era por causa de suas maravilhosas propriedades de comunicar a sabedoria e o poder que Deus lhes tinha proibido experimentá-la ou mesmo tocá-la, pois Ele conhecia estas maravilhosas qualidades. Declarou que ter comido o fruto da árvore proibida era a razão de ter obtido o dom da fala. Ele insinuou que Deus não levaria a cabo Sua advertência. Isto era meramente uma ameaça para intimidá-los e privá-los do grande bem. Disse-lhes mais que não poderiam morrer. Não tinham comido da árvore da vida que perpetuava a imortalidade? Disse que Deus os estava enganando e privando-os de um mais elevado estado de felicidade e mais exaltada alegria. O tentador colheu um fruto e passou-o a Eva. Ela o tomou nas mãos. Ora, disse o tentador, vocês foram proibidos até mesmo de tocá-lo pois morreriam. Não observariam maior sensação de perigo e morte comendo o fruto, declarou ele, do que nele tocando ou manuseando-o. Eva foi encorajada pois não sentia os sinais imediatos do desagrado de Deus. Pensou que as palavras do tentador eram de todo sábias e corretas. Comeu, e ficou encantada com o fruto. Ele pareceu delicioso ao paladar, e ela imaginava sentir em si mesma os maravilhosos efeitos do fruto. {HR 34.3}
Eva torna-se tentadora
Ela então colheu para si do fruto e comeu, e imaginou sentir o excitante poder de uma nova e elevada existência como resultado da exaltadora influência do fruto proibido. Em um estado de excitação estranha e fora do natural, com as mãos cheias do fruto proibido, procurou o marido. Relatou-lhe o sábio discurso da serpente e desejava conduzi-lo imediatamente à árvore do conhecimento. Disse-lhe que havia comido do fruto, e em vez de experimentar qualquer sensação de morte, sentia uma agradável e exaltadora influência. Tão logo Eva desobedeceu tornou-se um poderoso agente para ocasionar a ruína do esposo. {HR 35.1}
Vi a tristeza sobrevir ao rosto de Adão. Mostrou-se atônito e alarmado. Uma luta parecia estar sendo travada em sua mente. Disse a Eva que estava bem certo tratar-se do inimigo contra quem haviam sido advertidos; e se assim fosse, ela devia morrer. Ela assegurou-lhe que não estava sentindo nenhum mau efeito, mas ao contrário, uma influência muito agradável, e insistiu com ele para que comesse. {HR 35.2}
Adão compreendeu muito bem que sua companheira transgredira a única proibição a eles imposta como prova de sua fidelidade e amor. Eva arrazoou que a serpente dissera que certamente não morreriam, e que suas palavras tinham de ser verdadeiras, pois não sentia qualquer sinal do desagrado de Deus, mas uma agradável influência, como imaginava que os anjos sentiam. {HR 36.1}
Adão lamentou por Eva ter deixado o seu lado, agora, porém, a ação estava praticada. Devia separar-se daquela cuja companhia ele tanto amara. Como podia suportar isso? Seu amor por Eva era muito grande. Em completo desencorajamento resolveu partilhar a sua sorte. Raciocinou que Eva era uma parte dele, se ela devia morrer, com ela morreria ele, pois não podia suportar a idéia da separação. Faltou-lhe fé em seu misericordioso e benevolente Criador. Não compreendia que Deus, que do pó da terra o havia criado, como um ser vivo e belo, e tinha criado Eva para ser sua companheira, poderia suprir seu lugar. Afinal, não poderiam ser verdadeiras as palavras da serpente? Eva estava diante dele, tão bela, e aparentemente tão inocente como antes deste ato de desobediência. Exprimia maior amor para com ele do que antes de sua desobediência, com os efeitos do fruto que tinha comido. Não viu nela nenhum sinal de morte. Ela lhe havia contado da feliz influência do fruto, de seu ardente amor por ele, e decidiu afrontar as conseqüências. Tomou o fruto e comeu rapidamente, e como ocorreu com Eva, não sentiu imediatamente seus maus efeitos. {HR 36.2}
Eva pensava ter capacidade própria para decidir entre o certo e o errado. A enganadora esperança de entrada num mais elevado estado de conhecimento levou-a a pensar que a serpente era um amigo especial, que tinha grande interesse em sua prosperidade. Tivesse procurado o marido, e ambos relatado ao Seu Criador as palavras da serpente e teriam sido imediatamente livrados de sua astuciosa tentação. O Senhor não desejava que investigassem o fruto da árvore do conhecimento, porque então seriam expostos ao embuste de Satanás. Sabia que eles estariam perfeitamente a salvo se não tocassem no fruto. {HR 36.3}
A livre escolha do homem
Deus instruíra nossos primeiros pais quanto à árvore do conhecimento, e eles foram plenamente informados da queda de Satanás, e do perigo de ouvirem as suas sugestões. Ele não os privou da faculdade de comerem do fruto proibido. Deixou que como agentes morais livres cressem na Sua palavra, obedecessem a Seus mandamentos e vivessem, ou cressem no tentador, desobedecessem e morressem. Ambos comeram, e a grande sabedoria que obtiveram foi o conhecimento do pecado e o senso de culpa. A veste de luz que os rodeara, agora desapareceu, e sob um senso de culpa e a perda de sua divina cobertura, um tremor tomou posse deles, e procuraram cobrir suas formas expostas. {HR 37.1}
Nossos primeiros pais escolheram crer nas palavras, como pensavam, de uma serpente, ainda que esta não tivesse dado nenhuma prova de seu amor. Nada tinha feito para sua felicidade e benefício, enquanto Deus lhes tinha dado todas as coisas que eram boas para comer e agradáveis à vista. Em qualquer lugar que a vista repousasse havia abundância e beleza; ainda assim Eva foi iludida pela serpente, a pensar que existia alguma coisa oculta que podia fazê-la sábia, como o próprio Deus. Em vez de crer e confiar em Deus, ela vilmente descreu de Sua bondade e acatou as palavras de Satanás. {HR 37.2}
Depois de sua transgressão, Adão a princípio imaginou-se a entrar para uma nova e mais elevada existência. Mas logo o pensamento de seu pecado o encheu de terror. O ar que até então havia sido de uma temperatura amena e uniforme, parecia regelá-los. O culposo par experimentava uma intuição de pecado. Sentiam um terror pelo futuro, uma sensação de necessidade, uma nudez de alma. Desapareceram o doce amor e a paz e feliz contentamento que haviam gozado, e em seu lugar veio uma sensação de carência que nunca tinham experimentado antes. Pela vez primeira puseram sua atenção no exterior. Eles não tinham estado vestidos, mas rodeados de luz como os anjos celestiais. Esta luz com a qual estavam circundados tinha sido retirada. Para aliviar o senso de carência e nudez que experimentavam, trataram de procurar uma cobertura para suas formas, pois como podiam, desvestidos, defrontar o olhar de Deus e dos anjos? {HR 38.1}
Seu crime está agora diante deles em sua verdadeira luz. Sua transgressão do expresso mandamento de Deus assume um caráter mais claro. Adão censurara a Eva por sua insensatez em sair de seu lado, e deixar-se enganar pela serpente. Mas ambos procuravam tranquilizar-se de que Deus, que lhes tinha dado todas as coisas para fazê-los felizes, perdoaria esta transgressão devido a Seu grande amor por eles e que o castigo não seria afinal tão terrível. {HR 38.2}
Satanás exultou com seu êxito. Tinha agora tentado a mulher a desconfiar de Deus, a duvidar de Sua sabedoria, e a procurar penetrar em Seus omnisciente planos. E por seu intermédio ele também causou a ruína de Adão, que, em consequência de seu amor por Eva, desobedeceu ao mandado de Deus e caiu com ela. {HR 38.3}
As novas da queda do homem se espalharam através do Céu. Toda harpa emudeceu. Os anjos com tristeza arremessaram da cabeça as suas coroas. Todo o Céu estava em agitação. Os anjos sentiram-se magoados com a vil ingratidão do homem em retribuição da rica generosidade que Deus proporcionara. Um concílio foi convocado para decidir o que se deveria fazer com o par culpado. Os anjos temiam que eles estendessem as mãos e comessem da árvore da vida, tornando-se pecadores imortais. {HR 39.1}
O Senhor visitou Adão e Eva, e tornou conhecidas as consequências de sua transgressão. Em sua inocência e santidade tinham eles alegremente recebido a majestosa aproximação de Deus, mas agora escondiam-se de Sua inspeção. Mas “chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” Esta pergunta foi formulada pelo Senhor, não porque Ele necessitasse de informação, mas para fixar a responsabilidade do culpado par. Que fizeste para te tornares envergonhado e com medo? Adão reconheceu sua transgressão, não porque estivesse arrependido de sua grande desobediência, mas para lançar censura a Deus: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e eu comi.” Quando foi perguntado à mulher: “Por que fizeste isto?” ela respondeu: “A serpente me enganou, e eu comi.” {HR 39.2}
A maldição
O Senhor então dirigiu-se à serpente: “Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo: sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.” Como a serpente tinha sido exaltada acima de todas as bestas do campo, seria agora degradada abaixo de todas elas e odiada pelo homem, porquanto fora o agente pelo qual Satanás agira. A Adão disse o Senhor: “Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó, e em pó te tornarás.” {HR 39.3}
Deus amaldiçoou a terra por causa do pecado de Adão e Eva em comer da árvore do conhecimento e declarou: “Com dor comerás dela todos os dias da tua vida.” Deus tinha partilhado com eles o bem, mas retido o mal. Agora declara que comerão dele, isto é, devem ser relacionados com o mal todos os dias de sua vida. {HR 40.1}
Daquele tempo em diante o gênero humano seria afligido pelas tentações de Satanás. Uma vida de perpétua labuta e ansiedade foi designada a Adão, em vez do alegre e feliz labor que tivera até então gozado. Estariam sujeitos ao desapontamento, pesares, dor, e finalmente à morte. Foram feitos do pó da terra, e ao pó deviam voltar. {HR 40.2}
Foram informados de que teriam que perder seu lar edênico. Tinham cedido aos enganos de Satanás e crido em suas palavras de que Deus mentira. Pela sua transgressão tinham aberto o caminho para Satanás ganhar mais fácil acesso a eles, e não era seguro permanecer no Jardim do Éden, pois em seu estado pecaminoso poderiam ter acesso à árvore da vida e perpetuar uma vida de pecados. Suplicaram que lhes fosse permitido permanecer, embora reconhecessem terem perdido todo o direito ao abençoado Éden. Prometeram que no futuro renderiam implícita obediência a Deus. Foi-lhes dito que de sua queda da inocência para a culpa tinha resultado não força, mas grande fraqueza. Não tinham preservado a integridade de quando viviam no estado de santa e feliz inocência, e agora em estado de culpa consciente tinham menos poder para permanecer verdadeiros e leais. Ficaram cheios da mais penetrante angústia e remorso, e agora sentiram que o castigo do pecado era a morte. {HR 40.3}

Anjos foram imediatamente comissionados para guardarem o caminho da árvore da vida. Era estudado plano de Satanás que Adão e Eva desobedecessem a Deus, recebessem Sua desaprovação, e então participassem da árvore da vida de modo que perpetuassem uma vida de pecado. Mas, santos anjos foram enviados para vigiar o caminho da árvore da vida. Em redor desses anjos chamejavam raios de luz, tendo a aparência de espadas inflamadas. {HR 41.1}

7.9.13

As Nossas Publicações

A grande e maravilhosa obra da última mensagem angélica deve ser levada avante agora como nunca dantes. O mundo deve receber a luz da verdade por meio do ministério evangelizador da Palavra em nossos livros e periódicos. Nossas publicações devem mostrar que o fim de todas as coisas está às portas. Pede-se-me que diga a nossas casas editoras: “Ergam o estandarte. Ergam-no mais alto. Proclamem a terceira mensagem angélica, a fim de que ela seja ouvida por todo o mundo. Façam ver que ‘aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus’. Apocalipse 14:12. Que a nossa literatura proclame a mensagem, como um testemunho para todo o mundo.” {T9 61.1}
Nossos obreiros devem agora ser animados a dar a sua primeira atenção a livros que tratem das evidências de nossa fé — livros que ensinem as doutrinas da Bíblia e preparem o povo que há-de ficar em pé nos tempos difíceis que estão diante de nós. Havendo levado o povo à luz da verdade por meio de instruções bíblicas, acompanhadas de oração, e mediante o emprego sábio de nossas publicações, devemos ensiná-los a tornar-se obreiros na palavra e na doutrina. Devemos animá-los a espalhar os livros que tratam de assuntos bíblicos — livros cujos ensinamentos preparam o povo para resistir à prova, tendo cingidos os lombos com a verdade, e acesas as lâmpadas. {T9 61.2}
Temos estado por assim dizer a dormir, relativamente à obra que pode ser efetuada pela circulação da literatura bem preparada. Preguemos agora, pelo uso sábio de periódicos e livros, com resoluta energia a Palavra a fim de que o mundo compreenda a mensagem que Cristo deu a João na Ilha de Patmos. Testifique todo ser humano que professa o nome de Cristo: “O fim de todas as coisas está às portas; prepara-te para te encontrares com o teu Deus.” {T9 61.3}
Nossas publicações devem ir a toda parte. Sejam elas editadas em muitas línguas. A terceira mensagem angélica deve ser proclamada por esse meio e pelo ensinador vivo. Os que crêem na verdade para este tempo, devem despertar! É seu dever recolher agora todos os recursos possíveis, para ajudar os que compreendem a verdade, a proclamá-la. Parte do dinheiro que provém da venda de nossas publicações deve ser empregada para aumentar nossas instalações para a produção de mais literatura que abra olhos cegos e lavre o terreno baldio do coração. {T9 62.1}
Há o perigo de supervalorizar o aspecto comercial e tornar-se tão absorto em negócios mundanos que as verdades da Palavra de Deus em sua pureza e poder não sejam praticadas na vida. O amor ao negócio e ao ganho está se tornando cada vez mais predominante. Que os irmãos sejam de fato convertidos. Se já houve tempo em que precisássemos compreender nossa responsabilidade, é agora esse tempo, quando a verdade anda tropeçando pelas ruas e a equidade não pode entrar. Satanás desceu com grande poder, para atuar com todo o engano da injustiça para os que perecem; e tudo que pode ser abalado sê-lo-á, e as coisas que não podem ser abaladas permanecerão. O Senhor virá muito logo, e estamos no limiar das cenas de calamidade. Agentes satânicos, embora invisíveis, estão a atuar para destruir vidas humanas. Mas se nossa vida se acha escondida com Cristo em Deus, veremos Sua graça e salvação. Cristo virá para estabelecer Seu reino na Terra. Seja santificada a nossa língua, e empregada para glorificá-Lo. Trabalhemos agora como nunca antes. Somos exortados a instar “a tempo e fora de tempo”. 2 Timóteo 4:2. Devemos abrir caminho para a apresentação da verdade. Devemos aproveitar cada oportunidade de atrair as pessoas para Cristo. {T9 62.2}
Como um povo devemos nos converter, e nossa vida ser santificada para declarar a verdade tal como é em Jesus. Na obra de disseminar nossas publicações, podemos, com coração afetuoso e palpitante, falar do amor de um Salvador. Deus, unicamente, tem poder para perdoar pecados; se não transmitirmos essa mensagem aos não-convertidos, nossa negligência poderá ser a ruína deles. Que sejam publicadas em nossas revistas as benditas verdades bíblicas, capazes de salvar vidas. Muitos há que podem auxiliar no trabalho de vender as revistas. O Senhor nos chama a todos para procurarmos salvar os que estão perecendo. Satanás está atuando a fim de enganar até os escolhidos, e agora é o momento de trabalharmos atentamente. Nossos livros e revistas têm que ser postos em evidência perante o povo; o evangelho da verdade presente deve ser proclamado sem demora em nossas cidades. Não despertaremos para o cumprimento de nossos deveres? {T9 63.1}
Se fizermos da vida e ensinos de Cristo nosso estudo, cada acontecimento que se desenrola fornecerá um texto para um forte discurso. Era assim que o Salvador pregava o evangelho nos caminhos e valados; e ao falar Ele, o pequeno grupo que O escutava avolumava-se, transformando-se em grande multidão. Os evangelistas de hoje devem ser coobreiros de Cristo. Tão certamente como os primeiros discípulos, têm eles a garantia: “É-Me dado todo o poder no Céu e na Terra. Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado e eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.” Mateus 28:18-20. {T9 63.2}
A obra que deve ser efetuada pelo povo de Deus acha-se declarada nas palavras inspiradas: “Eis que Eu envio o Meu anjo ante a Tua face, o qual preparará o caminho diante de Ti. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitei as Suas veredas.” Marcos 1:2, 3. “Eis aqui o Meu Servo, a quem sustenho; o Meu Eleito, em quem Se compraz a Minha alma; pus o Meu Espírito sobre Ele; juízo produzirá entre os gentios. ... Não faltará nem será quebrantado, até que ponha na Terra o juízo; e as ilhas aguardarão a Sua doutrina.” Isaías 42:1-4. {T9 64.1}

Deus convida todos os homens a estudar mais plenamente os reclamos de Sua lei. Sua Palavra é sagrada e infinita. A causa da verdade deve prosseguir como uma lâmpada acesa. O fervoroso estudo da Palavra de Deus revelará a verdade. Pecado e erro não serão mantidos, mas a lei de Deus será vindicada. “Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus, e os estendeu, e formou a Terra, e a tudo quanto produz; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela. Eu o Senhor te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por concerto do povo, e para luz dos gentios; para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas.” Isaías 42:5-7. Os cristãos devem buscar sua luz na Palavra de Deus e, então, com fé, sair para proporcionar essa luz aos que estão em trevas. {T9 64.2}

5.9.13

Necessidade de Esforço Fervoroso

No poder do Espírito devem os servos, escolhidos por Cristo, dar testemunho de seu Líder. O anelante anseio do Salvador pela salvação dos pecadores, deve assinalar-lhes todos os esforços. Por vozes humanas deve ser proclamado, e soar através do mundo, o gracioso convite feito primeiro por Cristo: “Quem quiser, tome de graça da água da vida.” Apocalipse 22:17. A igreja deve dizer: “Vem.” Todos os seus talentos devem estar empenhados ativamente ao lado de Cristo. Os seguidores de Cristo devem combinar-se num grande esforço por chamar a atenção do mundo para as profecias da Palavra de Deus, as quais se cumprem rapidamente. A incredulidade e o espiritismo estão se firmando no mundo. Hão de ficar agora frios e descrentes aqueles a quem foi concedida grande luz? {T9 43.1}
Estamos no limiar do tempo de angústia, e acham-se diante de nós perplexidades com que dificilmente sonhamos. Um poder de baixo está levando os homens a guerrear contra o Céu. Os seres humanos confederaram-se com agentes satânicos para anular a lei de Deus. Os habitantes do mundo rapidamente se vão tornando como os do tempo de Noé, que foram exterminados pelo dilúvio, e como os de Sodoma, que foram consumidos por fogo que caiu do céu. {T9 43.2}
Os poderes de Satanás estão a trabalhar para conservar o espírito dos homens alheio às realidades eternas. O inimigo dispôs as coisas de maneira que servissem aos seus propósitos. Atividades mundanas, desportos, as modas da época — são coisas que ocupam o espírito de homens e mulheres. Diversões e leituras inúteis corrompem o discernimento. Na estrada larga que leva à ruína eterna anda um cortejo longo. O mundo, cheio de violência, festas e bebedice, está pervertendo a igreja. A lei de Deus, o divino padrão de justiça, é considerada de nenhum efeito. {T9 43.3}
Neste tempo — tempo de alarmante iniquidade — uma nova vida, provinda da Fonte de toda a vida, deve tomar posse dos que têm no coração o amor de Deus, e devem eles sair a proclamar com poder a mensagem de um Salvador crucificado e ressurgido. Devem fazer esforços fervorosos, incansáveis, para salvar os perdidos. Seu exemplo deve ser de molde a exercer influência eficaz para o bem, naqueles que os rodeiam. Devem ter por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus nosso Senhor. {T9 44.1}
Intenso fervor deve agora tomar posse de nós. Nossas energias adormecidas devem ser despertadas e dedicadas a esforços incansáveis. Obreiros consagrados necessitam sair ao campo, preparando a estrada para o Rei, e alcançando vitórias em lugares novos. Meu irmão, minha irmã, porventura não tem para vocês significação alguma a circunstância de que todos os dias estão descendo à sepultura sem ser advertidas nem estar salvas, pessoas ignorantes da necessidade de vida eterna e da expiação que por elas fez o Salvador? Nada significa que em breve o mundo tenha que dar satisfações a Jeová por Sua lei violada? Anjos celestiais maravilham-se de que os que há tantos anos possuem a luz, não tenham ainda levado a tocha da verdade aos lugares escuros da Terra. {T9 44.2}
O infinito valor do sacrifício requerido para a nossa redenção revela que o pecado é um mal tremendo. Deus poderia haver apagado da criação essa mancha abominável, varrendo de sobre a face da Terra o pecador. Mas Ele “amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigénito, para que todo aquele que n´Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3:16. Por que, então, não somos mais fervorosos? Por que está ocioso um tão grande número de pessoas? Por que não estão todos os que professam amar a Deus, procurando iluminar seus vizinhos e companheiros, para que não negligenciem por mais tempo tão grande salvação? {T9 44.3}
Falta de simpatia
Entre os professos cristãos de hoje há tremenda falta de simpatia que deveria ser sentida pelas pessoas que devem ser salvas. A menos que nos pulse o coração em uníssono com o de Cristo, como podemos compreender a santidade e importância da obra para a qual somos chamados pelas palavras que mandam velar pelas pessoas “como aqueles que hão-de dar conta delas”? Hebreus 13:17. Falamos em missões cristãs. Ouve-se o som de nossas vozes; sentimos, porém, os compassivos anelos do coração de Cristo pelas criaturas? {T9 45.1}
O Salvador era um obreiro incansável. Não media o trabalho por horas. Tempo, coração, energia, tudo Ele deu ao serviço em benefício da humanidade. Dias inteiros eram dedicados ao trabalho, e noites inteiras passadas em oração, a fim de ser fortalecido para enfrentar o astuto inimigo em todas as suas enganadoras atuações, e para realizar Sua obra de reerguimento e restauração da humanidade. {T9 45.2}
O homem que ama a Deus não mede o trabalho pelo sistema das oito horas. Trabalha em todo o tempo, e nunca se acha fora de seu posto de dever. Sempre que se lhe ofereça oportunidade, faz o bem. Em toda parte, em qualquer tempo e lugar, encontra ensejo de trabalhar para Deus. Onde quer que vá, leva consigo uma espécie de fragrância. Uma agradável atmosfera o rodeia. A beleza de sua vida bem-ordenada e consagrada maneira de falar inspira aos outros fé, esperança e coragem. {T9 45.3}
É de missionários de coração que se precisa. Esforços esporádicos pouco bem farão. Temos de atrair a atenção. Temos de ser profundamente fervorosos. {T9 45.4}
Mediante trabalho intensivo, em meio de oposição, perigo, perda e sofrimento humano, deve ser levada avante a obra da salvação. Em certa batalha, quando um dos regimentos das forças atacantes estava sendo repelido pelas hostes inimigas, o porta-bandeira permaneceu firme em campo, enquanto as forças recuavam. O comandante gritou-lhe para trazer de volta o pavilhão, mas sua resposta foi: “Traga os homens para junto da bandeira!” Este é o trabalho que se apresenta a todo porta-bandeira: congregar os homens em torno do estandarte. O Senhor nos convida à inteira consagração. Sabemos todos que o pecado de muitos professos cristãos consiste em faltar-lhes o ânimo e a energia para eles mesmos alcançarem a norma, e levar a fazer o mesmo os que se lhes acham ligados. {T9 45.5}
De todos os países soa o clamor macedónico: “Passa e ajuda-nos!” Atos dos Apóstolos 16:9. Deus tem aberto campos perante nós, e se os agentes humanos tão-somente cooperassem com os divinos, muitas, muitas pessoas seriam ganhas para a verdade. Mas o professo povo do Senhor tem estado a dormir junto ao trabalho que lhe foi designado, o qual em muitos lugares permanece relativamente intocado. Deus tem enviado mensagens após mensagens para despertar nosso povo a fim de fazer alguma coisa. Mas ao chamado: “A quem enviarei?” poucos têm respondido: “Eis-me aqui, envia-me a mim.” Isaías 6:8. {T9 46.1}
Quando a ignomínia da indolência e preguiça tiver sido afastada da igreja, o Espírito do Senhor Se manifestará graciosamente. Revelar-se-á o poder divino. A igreja verá a providencial atuação do Senhor dos Exércitos. A luz da verdade brilhará em raios claros, fortes, e, como no tempo dos apóstolos, muitos volverão do erro para a verdade. A Terra será iluminada com a glória do Senhor. {T9 46.2}
Os anjos celestiais têm esperado longamente que os agentes humanos — os membros da igreja — com eles cooperem na grande obra a ser feita. Eles continuam esperando por nós. Tão vasto é o campo, tão amplo o objetivo, que todo coração santificado será levado para o serviço, como instrumento do poder divino. {T9 46.3}
Ao mesmo tempo haverá um poder atuando de baixo. Enquanto os divinos agentes de misericórdia trabalham por meio de consagrados seres humanos, Satanás põe em atuação as suas forças, dominando a todos os que se submeterem ao seu controle. Haverá muitos senhores e diversos deuses. Ouvir-se-á o clamor: “Eis aqui o Cristo”, e “Ei-Lo ali”. Mateus 25:20. Por toda parte será vista a profunda conspiração de Satanás, com o propósito de distrair do dever presente a atenção de homens e mulheres. Haverá sinais e maravilhas. Mas os olhos da fé discernirão em todas essas manifestações prenúncios do grandioso e tremendo futuro, e dos triunfos que esperam o povo de Deus. {T9 47.1}
Trabalhemos, oh! Trabalhemos, tendo em vista a eternidade! Tenhamos presente que todas as faculdades devem ser santificadas. Uma grande obra tem que ser feita. Saia de lábios sinceros a prece: “Deus tenha misericórdia de nós e nos abençoe, e faça resplandecer o Seu rosto sobre nós. Para que se conheça na Terra o Teu caminho, e em todas as nações a Tua salvação.” Salmos 67:1, 2. {T9 47.2}
Os que reconhecem, em proporção limitada que seja, o que significa a redenção para si e para seus semelhantes, andarão pela fé, e compreenderão em certa medida as vastas necessidades da humanidade. Seu coração será movido de compaixão ao verem a grande miséria de nosso mundo — a miséria das multidões que sofrem privações de alimento e roupa, e a miséria moral de milhares que se acham sob as sombras de uma terrível condenação, em comparação com a qual o sofrimento físico se reduz a nada. {T9 47.3}
Tenham presente os membros da igreja que o fato de se acharem os seus nomes nos livros da igreja não os salvará. Devem mostrar-se aprovados por Deus, obreiros que não têm de que se envergonhar. Dia a dia devem formar o seu caráter de acordo com as instruções de Cristo. Devem permanecer nEle, exercendo constantemente a fé em Cristo. Assim crescerão até à estatura completa de homens e mulheres em Cristo — cristãos sadios, animados e gratos, guiados por Deus para a luz cada vez mais clara. Se assim não for, achar-se-ão entre os que um dia proferirão a amarga lamentação: “Passou a sega, findou o verão, e não estou salvo! Jeremias 8:20. Por que não me refugiei na Fortaleza? Por que brinquei com o assunto da salvação e desprezei o Espírito da graça?” {T9 48.1}
“O grande dia do Senhor está perto, está perto, e se apressa muito.” Sofonias 1:14. Tenhamos calçados os pés com os sapatos do evangelho, prontos para marchar imediatamente à primeira ordem. Cada hora, cada minuto, é precioso. Não temos tempo para gastar com a satisfação dos nossos próprios desejos. Ao nosso redor há vidas que perecem em pecado. Cada dia há alguma coisa para fazer por nosso Senhor e Mestre. Cada dia devemos apontar aos perdidos o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. {T9 48.2}

“Por isso, estai vós apercebidos também, porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis.” Mateus 24:44. Vamos nos recolher, à noite, tendo confessado cada pecado. Assim fazíamos quando, em 1844, esperávamos encontrar nosso Senhor. E agora esse evento está mais perto do que quando aceitamos a fé. Estejamos sempre prontos: à noite, de manhã e ao meio-dia, para que, quando se ouvir o clamor: “Aí vem o Esposo! Saí-Lhe ao encontro!” (Mateus 25:6), possamos, mesmo que tenhamos de ser despertados do sono, ir-Lhe ao encontro com as lâmpadas espevitadas e acesas. {T9 48.3}